20 de fevereiro de 2013

Tudo Pra Esquecer Ele...



Sexta-feira. Saindo do trabalho. Milagrosamente, achei um lugar pra sentar no ônibus. Do lado dela. Peguei um livro na bolsa, mas era impossível se concentrar na leitura com ela conversando tão alto. Não tão alto ao ponto de todos os passageiros do coletivo conseguir escutar a conversa, mas pra mim que estava ao seu lado, estava extremamente difícil não prestar atenção no diálogo. Dizia pra amiga o motivo de não ter ido a sua casa em nenhum dia daquela semana. Ocupou-se completamente desde segunda-feira, todos os dias arrumou algum programa pra fazer, pra se distrair. Shopping, festas no meio da semana, visitou amigos que há séculos não via. E o motivo? Tudo pra esquecer ele.

Dizia que não iria usar nunca mais o facebook. Estava com raiva da rede social, dizia que era coisa do capeta, que aquilo só servia pra destruir qualquer tipo de relacionamento. E ao longo do trajeto, foi relatando sua tristeza pra amiga ao telefone. Ficava no trabalho e onde estivesse conectada na web pelo celular, pra ver se ele respondia as suas mensagens. Estava assídua, na esperança e ansiedade que ele a visse online, que não a ignorasse mais, que fosse um pouso mais atencioso. Estava certa que só ele podia tirá-la daquele sofrimento.
  
Ia contando pra amiga que tinha quebrado a cara mais uma vez, só pra variar. Aos poucos foi percebendo quem ele realmente era. As juras de amor e todo o resto prometido não foram válidos nem mesmo no momento em que foram ditas, apesar de sua ingenuidade ter permitido que ela acreditasse em todas as frases românticas que ele disse. Gostava dele ainda, é óbvio, mas estava determinada a não se rebaixar a um nível tão desprezível nunca mais. Dizia que estava precisando disso, de mais uma vez tomar na cara pra acordar pra vida e se valorizar. Marcou de se encontrar com a amiga a noite, precisava manter o ritmo de “festinhas” até esquecer ele. Despediu-se e desligou.

Ficou ali parada, com a cabeça inclinada na janela. Seu olhar ia longe, como se enxergasse algo além da linha do horizonte. Acho que sonhava com um futuro diferente, que um dia pudesse encontrar alguém que realmente a amasse. Ainda estava entregue a tristeza, precisava passar por isso, mesmo que fosse pela última vez. Imaginei que em seus pensamentos, ela se perguntava por que havia sido enganada novamente. E pela sua expressão, acho que continuava perdida entre suas dúvidas e a angústia daquele momento: Por que se humilhava tanto? Por que tinha corrido tanto atrás, não só dele, mas de todos aqueles outros carinhas? Por que tinha tanta pressa de encontrar o amor verdadeiro, tanta ansiedade, tanta expectativa... Torço pra que tenha aprendido a lição, essas coisas de “encontrar a alma gêmea” não é tarefa nossa... Não sei se isso é função desse tal de cupido, ou da tinker bell, mas te afirmo com toda a certeza no mundo que você pode executar qualquer ocupação que você desejar, menos a de encontrar por si próprio o  tal “amor verdadeiro”. Essa tarefa é algo muito superior pra meros mortais como nós...

Tenho certeza que ela decidiu que os dias agitados daquela semana iriam se repetir frequentemente, sua nova vida se resumiria apenas em “curtir o momento”. Pelo menos ela iria tentar...  


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