4 de março de 2013

Aquela sua amiga falsa...



Você conheceu ela no final do último ano do ensino médio. Passou no vestibular e ela não, mas continuaram a se ver, a trocar sms, e quando se deu conta, já estava chamando de BFF. A Priscila já era da família. O Bob, seu cachorro, já até sabia quando ela estava na esquina vindo pra sua casa.

Agora, só ia com ela pra baladinha do final de semana, compartilhando todos os seus segredinhos, até aqueles mais íntimos, como o fato de você ter aquela verruga embaixo do dedinho mindinho do pé esquerdo que ninguém pode ousar saber. Já até tinha chorando no ombro nova amiga quando você viu o Fernando, aquele que você gostava desde a adolescência,  agarrado com aquela ruiva numa festa qualquer, de um sábado qualquer. E era pra ela que você contava como sua vida tinha mudado depois que você começou a namorar o Bernardo, como você estava feliz com ele, o novo “amor da sua vida”. Esse foi seu mal, ter confiado tanto.

De repente, você percebeu que a relação de vocês duas se esfriou. Tinha três fins de semana que você não a via, o contato de vocês se resumia apenas em sms, e mais do que tudo, sentia muito a falta dela. Ela dizia o mesmo, que também estava morrendo de saudades, mas agora tinha conseguido uma promoção lá na empresa onde trabalha e não tinha tempo pra mais nada. E pra piorar, o namoro de seis meses com o Bernardo também estava estranho, você vivia se perguntando a onde estava aquele cara carinhoso e atencioso do começo da relação.

Daí pra frente, tudo aconteceu. Sua velha amiga Juliana te chamou pra tomar um café naquela tarde de quinta-feira, disse que precisava te contar algo urgente. Pensou que, como das outras vezes, a Ju tinha te procurando só pra desabafar, já que desde a época do Ensino Médio, era pra você que ela vinha pedir conselhos. Ela foi tentando puxar assunto no carro, enquanto não chegava ao tal café, indo em direção à parte baixa da cidade. Parou em frente ao “Bufê da Nete”, aquela espelunca que insistem em chamar de restaurante. Não estava entendo por que tinham que ficar ali paradas em frente, por que não entravam logo. A Ju estava no meio de uma história sem pé e nem cabeça, quando você viu a Priscila chegando e se sentando em uma das mesas que estavam na calçada, do outro lado da rua. Pensou em sair do carro, ir correndo abraçar à “amigona”, pra matar toda saudade. Foi aí que outro carro parou em frente à calçada que a Pri estava sentada. Você conhecia aquele carro... Mais do que isso: sabia muito bem quem era aquele que estava saindo do carro e logo após beijando a Priscila.

Eu sei, você não se lembra de mais nada, só se lembra de você e a Pri rolando no chão, umas pessoas loucas ao redor gritavam umas coisas, e o Bernardo e a Ju tentando separar vocês duas. Tinha mais cabelo da Pri na sua mão do que seus próprios dedos, e enquanto você olhava fixamente pra ela, via sangue escorrendo na face da vadia. Ah, e ainda tem a parte que você partiu pra cima do Bernardo, xingando o maldito dos piores nomes que vieram na sua cabeça naquele momento de extremo ódio... Pena, a única coisa que você conseguiu foi quebrar uma garrafa de cerveja na cabeça dele, sendo que sua vontade era matá-lo.

A cachorra ainda teve a audácia de te pedir perdão e o safado te mandou flores no outro dia.  Pra você, é óbvio que aquilo não tinha perdão, apesar de ter adorado a piranha ter se humilhado na sua frente.

Não queria saber dos dois nunca mais. Dias seguintes a ocasião, saiu linda e poderosa de casa, com a melhor roupa, a maquiagem impecável, e de cabeça erguida. Dali pra frente seria assim.

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